segunda-feira, 20 de setembro de 2010

7º Capítulo



-Eu estou bem, foi só uma queda- ‘meu deus, esse olhar’

- De jeito nenhum, vai voltar comigo para dentro e vai ser vista por um médico. Consegue andar?

- Posso tentar.

David levantou-se e estendeu-lhe o braço, o que a fez paralizar durante 3 segundos. Engoliu em seco e levantou a sua mão lentamente até sentir o contacto entre as duas. Devia de sentir tudo naquele momento, mas não conseguia pensar, raciocinar. Apenas agia por instinto. David apertou-lhe suavemente a mão, e como se sentia cada vez mais atraído por uma desconhecida que o tinha arrebatado com um simples sorriso. Levantou-a sem dificuldade, segurando-a pela cintura com a outra mão. Este gesto fez com que ela o olha-se directamente, sem vergonhas, sem medos, sem dúvidas. Podiam simplesmente desaparecer os dois do meio de toda aquela confusão.

-Vem.

Levou-a até ao lugar de pendura, fechou a porta e correu até ao volante. Fez sinal ao segurança que voltou a abrir a cancela e meteu a marcha atrás a alta velocidade, estacionado o mais próximo da porta do centro. Levou-a até dentro, nunca saindo de perto de si com a maior preocupação. Só o seu toque fazia a dor dissipar-se, mas ela tinha de admitir que estava a adorar aquele seu lado completamente adorável. David encaminhou-a para um pequeno sofá com cuidado redobrado, pois qualquer movimento podia piorar o seu joelho.

-Vou chamar o médico, nem pense em levantar daí.

-Mesmo que quizesse não era capaz- disse num tom de brincadeira.

Ele sorriu e correu pelo corredor o mais rápido possivel, em pouco tempo trazia consigo o médico da equipa equipado com uma mala de primeiros socorros. Ajoelhou-se ao seu lado, mantendo debaixo de olho cada movimento que o médico fazia, cada simples fracção de segundo. Queria assegurar-se de que recebia o melhor tratamento possível. Discretamente olhou-a, deitou a cabeça um pouco para o lado direito de modo a que a sua face ficasse completamente centrada na ainda desconhecida para si. Tentou lembrar-se da primeira vez que a viu, no restaurante. Ia jurar que ela tinha saído de um conto de fadas, estava completamente arrebatado com a sua beleza. Reparou na forma como o seu cabelo caia suavemente através dos ombros à medida que ela se baixava um pouco para inspeccionar as acções do médico sobre o seu joelho. Reparou no seu olhar que deixava transparecer um pouco de intriga, confusão com tudo o que se passava à sua volta, ele reparou. Acreditava fielmente em Deus, com todo o seu ser. E acreditou que ela era um sinal, vindo de algo muito superior a simples mortais que eram.

- Agora aconselho-a a não esforçar muito o joelho, apesar de não ser nada de grave- tentou abster-se daqueles pensamentos, quando ouviu o médico. Ao menos era algo menor, pensava ser mais preocupante devido à queda.

- Valeu cara, te devo uma.

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