segunda-feira, 20 de setembro de 2010

8º Capítulo



O médico saiu deixando-os sozinhos naquela enorme divisão. Ela levantou os olhos do seu joelho para ver o que a rodeava, nem podia acreditar que estava ali dentro, nada do que imaginára seria assim, um toque de mordenismo e classe. Teve a enorme tentação de olhar para David com a atenção que este merecia, mas tinha medo de se perder e não se voltar a encontrar. Resolveu então colocar os seus olhos na enorme janela que se encontrava do lado direito, uma área que abrangia um ambiente agradável. Tentou limpar a sua mente, encontrar o que lhe dizer, ela tinha ensaiado aquela cena vezes e vezes sem conta. Mas algo impedia as suas cordas vocais de fazerem o seu trabalho. Aliás, tudo lhe parecia pré-fabricado se as palavras fossem as mesmas e essa não era a sua maneira de ser.

David apoiou-se num braço do sofá e levantou-se, contornou-o por trás sem nunca deixar de a olhar. Esse gesto por parte dele, fez com quem ela desvia-se a sua atenção e tentasse ouvir o som dos seus passos, tentar imaginar a sua pose. Fechou os olhos e concentrou-se apenas na audição enquanto a podia admirar. David percebeu e parou por momentos, as suas mãos apoiaram-se nas costas do sofá discretamente, o suficiente para ela o sentir. Apoderou-se do seu corpo um arrepio que a fez chegar a sua cabeça ao ombro, um gesto involutário. Ele captou de imediato e sorriu, queria largar um sorriso de modo a que ela ouvisse mas preferiu prolongar aquele momento um pouco mais. Baixou-se um pouco, o que a fez sentir a sua respiração perto do ouvido. Inspirou fundo, o seu cheiro era irresistível, completamente arrebatador. Susteve a respiração e abriu os olhos. Rodou levemente a cabeça, baixando o olhar. Esse acto levou Luiz a chegar ainda mais próximo do seu ouvido, suprando levemente de modo a que ela o sentisse ainda mais. Sofia não aguentou, e olhou rapidamente em frente tendo acalmar-se e manter a sua postura. David adorou o efeito que provocou nela e por fim contornou o sofá encarando-a. Ela ergueu o olhar e engoliu a seco. Estava a perder o controlo do seu corpo e ele sabia que pouco a pouco estava a ganhar isso.

- Veio sozinha para cá?

‘Calma, pensa antes de responderes’

-O Comboio estava cheio.

‘o QUÊ!? Great’

Pelos vistos a sua atrapalhação foi o suficiente para fazer David sorrir.

-Tou vendo que veio sozinha mesmo. Vem, eu te ajudo e te dou uma carona até minha casa.

Ela parou, completamente chocada a olhar para David.

- A tu.. tua casa?

- Claro, não vai ficar sozinha com esse joelho. Mas de jeito nenhum.

-Não há problema, eu vou soz..

-Não vou aceitar um ‘não’ como resposta!

Ela até poderia continuar a insistir, mas ele não a deixava simplesmente ir embora. A expressão que fez era algo completamente amoroso de mais para ela recusar, voltou a engolir a seco. Se David lhe tocasse naquele momento, de certeza que iria notar o enorme esforço que estava a fazer para se manter minimamente calma. Boleia até à sua casa? Meu Deus, as coisas não estavam nada facéis para Sofia. Nunca pensou chegar tão longe, ou melhor, tão perto dele. E o seu corpo estava bloqueado, não sabia o que fazer, não sabia o que dizer. Isto nunca lhe tinha acontecido, sempre se tinha conhecido como alguém completamente desenrascada, com resposta na ponta da língua. E no entanto lutava para a sua boca pronunciar um simples ‘sim’ sem no segundo a seguir, cair para o lado com toda aquela emoção.

-Sim.

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei!
Continua!

Catia disse...

Ai que queridos :D
Amei mesmo!!!

Lisa disse...

Continua!
Ja tou viciada na tua fic! :)